quinta-feira, 7 de julho de 2011

AOS QUE PREGAM A PALAVRA

DRAMA DE UM MENSAGEIRO


É noite.
E uma tempestade ameaça o céu
Com nuvens densas como o negro véu,
e o pregador fica a meditar.

Medita, medita...
Já não mais na Palavra bendita,
mas na mui fraca possibilidade
da ida ao templo do povo da cidade.

Cidade pequena, com poucos habitantes;
indecisos, tímidos, inconstantes.
Mas precisavam ouvir de Cristo a Palavra
pois, qual agricultor que o solo lavra,
ali estava aquele pregador.
 
Lê a Bíblia e ora,
e sabe que, muito mais do que agora,
tem que tomar a solene decisão.
E toma.
E assim marcha para a igreja,
como se caminhasse para uma peleja,
como se o inimigo fosse o próprio céu.

A tempestade cai.
E com ela, toda a sua esperança se esvai
de ver na igreja aquela gente
de que dias antes tão contente,
ouvira falar, ao ser convidado para ali pregar.

O caminho se encurta;
a igreja se aproxima.
Ninguém, ninguém, senão aqueles três irmãos,
sim, os três que, de Bíblias nas mãos,
haviam-lhe feito tão sério convite.

A porta do templo se abre;
o trabalho começa.
E, como num teatro se anuncia uma peça,
recebe a palavra aquele pregador.

Triste, lê a Palavra de Deus
e, contemplando um menino com os olhos seus,
indaga dos irmãos – “Onde estão os convidados”?
Mas, nenhuma resposta.
Porque, no momento, todos eles oram,
com exceção do menino cujos olhos devoram
uma pequena revista num dos bancos posta

Começa a pregar a Palavra.
E o menino que não pára com a cabeça
faz com que o pregador ainda mais se entristeça,
pois o sermão que ali pregava
não teria o resultado que esperava,
assim pensava aquele mensageiro.

O tempo se vai,
a Palavra é entregue,
pois, necessário se faz que alguém vá e pregue
e cumpra a missão de sementeiro.
O hino é cantado.
E, sob a luz de uma débil vela,
o mensageiro canta é apela.

Apela para quem? Pois nem mesmo crê
naquilo que com seus olhos ele mesmo vê:
a decisão do menino que brincava,
mas, que na hora certa a Cristo se entregava,
compensando aquele difícil trabalho,
feito por um homem pecador e falho,
mas por Deus usado sem nem mesmo saber.

O vós, que pregais o evangelho,
menino, menina, moço ou velho,
que anunciais a eterna semente!
Jamais vos entristeçais,
se a mensagem que pregais
ouvida for por muito pouca gente.

Pois é Deus quem assim nos usa
e nos inspira com a divina musa
dando-nos ajuda a cada dia.
pois fiel é Deus e sua promessa:
“Porque a minha Palavra”, assim Ele confessa,
“não voltará para mim vazia”.

Autor: Wilson Carlos da Silveira Lima

Um comentário:

  1. Lindo texto.
    Já ouvi de alguém que os maiores sermões pregados até hoje o foram para duas ou três pessoas.

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