quinta-feira, 15 de setembro de 2011

O SABIO DANIEL

No ano segundo de Nabucodonozor,
rei de Babilônia – grande em poder – 
turbou-se-lhe o espírito; e o motivo: um sonho,
terrível, insistente, por que não dizer, enfadonho.
– “E o que fazer”? – aflito o rei indaga,
– “procurarei, de pronto, a corte maga;
talvez alguma coisa me façam saber”.
               
E disse-lhes o rei: – “Um sonho tive;
fazei-mo saber, dai-me a interpretação”.
E os caldeus: – “Ó rei, eternamente vive!
Assim e assim falaremos ao teu coração”.

Contudo, a 1embrança do sonho se apagara.
Sua mente turbada, o espírito aflito.
E o rei nada lhes pode contar,
senão: – “Foi-se-me o sonho”.
E com os magos trava-se o conflito,
para os sábios, de resultado tão funesto
e para os de Judá também, não fosse Daniel que, presto,
busca de Deus sabedoria e graça,
para evitar tão iminente desgraça.

E Deus responde; o sonho é interpretado.
E para o grande rei tudo é revelado.
E o Pai, por Daniel que se humilhara,
Buscando o Sábio dos sábios que, do céu,
Revela a mensagem, descobrindo o véu;
Ao rei aponta o que há de acontecer
E o faz de pronto a Daniel engrandecer.

E vós que, envolvidos em problemas,
dos mais simples aos mais obscuros dilemas,
não buscais de Deus a solução?
Por que não fazeis como Daniel
Que, buscando o Deus de Israel,
Derramou-lhe todo o coração?!

Estai confiantes, pois Deus responde,
E vossa fé, portanto, n'Ele ponde
E tereis vossas dúvidas sanadas.
Sede sábios como o sábio Daniel,
Que buscava a Deus, Senhor da Terra e Céu,
e vossas mentes serão iluminadas;
vossas almas salvas, vossa fé firmada
e vossas vidas todas por Deus abençoadas.

                                                        Wilson Carlos S. Lima

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

O FIO MESSIÂNICO

Um fato relevante na lavratura do que conhecemos hoje como Escrituras Sagradas tem sido o motivo pelo qual elas foram escritas. Costumamo-nos com a idéia de que o pecado é que seria a razão da existência das Escrituras Sagradas, já que, sem ele, não haveria necessidade do plano redentor e, por conseguinte, nada saberíamos a respeito do que nunca houvera ocorrido e muito menos a respeito do Filho de Deus, que só viria ao mundo para executar o que a Bíblia chama de recriação, trazendo novos céus e nova terra.
Entretanto, como nos informa o apóstolo Paulo em 1 Cor. 13.12, é do plano de Deus a revelação do Seu Propósito a todos os homens, os quais foram por Ele criados com um propósito específico. Vale dizer que o centro desse propósito já era a pessoa do Seu Filho, quando ainda não havia a coisa criada, como expusemos em nosso Blog anteriormente (http://www.fugaderoma.blogspot.com/). A queda e suas conseqüências são a razão da necessidade do ‘tornar a congregar todas as coisas sob o comando de Cristo, a cabeça’. O verbo grego anakefalaiw,ssasqai nos assegura a respeito (Ef. 1.10).
No momento inicial da criação, o Senhor Jesus já tinha o seu lugar de destaque como Filho de Deus, único e, antes que houvesse qualquer elemento criado, Ele já tinha consciência plena de sua glória divina junto ao Pai (João 17.5). Os anjos, ao serem criados, já tinham a visão gloriosa do Filho de Deus e o serviam como nos infere Mateus em seu livro (4.11).
O próprio Lúcifer, no momento de sua traição, como está exposto em um dos midraxes a ele alusivo na literatura rabínica hebraica, teria se deixado levar por um sentimento de inveja e de falso poder, já que tinha sob seu comando parte das legiões de anjos e outras criaturas celestes. Levado por esse vil sentimento, Lúcifer tenta igualar-se a Deus, sendo fielmente combatido pelos anjos e arcanjos eleitos e, como já conhecemos, ele, agora, satanás, é expulso do Céu e cai na terra.
Essa investida poria em risco o Propósito de Deus e a figura hegemônica do Seu Filho, para o qual criara todas as coisas e a quem pusera como cabeça de toda a criação.
O Livro da Revelação, o Apocalipse, nos dá a compreender o ódio que satanás tem da pessoa de Cristo, a quem persegue desde os primórdios da criação até a vitória cabal do Filho de Deus sobre o maligno, tal e qual é descrito naquele livro.
Atento ao desenrolar do projeto divino na terra, onde o homem foi criado, satanás observa o relacionamento de Deus com o homem, o que lhe provoca mais ciúme e ódio, a ponto de engendrar um modo de conquistar ‘para sempre’ a raça humana e permanecer na terra dominando toda a vida nela criada. Não é sem conta que o apóstolo Paulo, escrevendo aos crentes de Roma, assim se expressa: “Pois sabemos que toda a criação geme e sofre com dores de parto até o presente dia. Não só ela, mas também nós, que temos as primícias do Espírito, gememos em nós mesmos, aguardando a adoção, a redenção do nosso corpo” (8.22-23).
Assim, ainda em plena atividade na terra, satanás engoda os nossos primeiros pais e traz a consequente queda. Podemos imaginá-lo esfregando as mãos, numa atitude de solução garantida contra os projetos de Deus; afinal, ele conseguiu pôr o homem contra Deus e fazê-lo duvidar da Sua Palavra.
Qual não foi a sua surpresa quando ouve da boca de Deus a promessa de que da semente da mulher, pivô da queda da raça humana, sairia aquele que esmagaria a sua cabeça, pondo fim ao seu pretenso principado na terra (Gal. 4.4.5).
Algo teria que ser feito, pois ainda havia esperança, pois ele conhecia as tendências do homem e sua inquietude face o estado em que agora este se encontrava. E, assim, ele espera a mulher dar à luz o seu primeiro filho, para voltar a agir com suas estratégias.
Caim, o primogênito de Adão e Eva, oferece campo para o inimigo e, assim, acaba sendo por ele usado para pôr fim à vida do seu irmão, Abel. Tendo, com uma só cajadada, matado dois coelhos, satanás novamente se ufana e pensa em descansar e usufruir para sempre do reino usurpado.
Entretanto, mais tarde, nasce Sete, que, com o nascimento de seu filho Enos, restabelece o culto ao Altíssimo, despertando mais o ódio e a inveja do maligno. É da prole de Sete que surge Enoque, a quem o Senhor toma para si, tornando-o o primeiro profeta humano, já que o Senhor chamara para si este grande privilégio de ser o primeiro profeta da história da terra, quando prenuncia o nascimento do Messias (Gên 3.15).
Tenho para mim, após algumas pesquisas nos alfarrábios rabínicos e em comentários a respeito da Epístola de Judas, que Enoque foi destacado por Deus para anunciar o juízo sobre a raça humana o qual viria mais tarde com o dilúvio, como infere Pedro em sua segunda carta (2 Ped. 3.5-6). O Livro dos Jubileus diz claramente que Enoque é o Escrivão que registra os juízos de Deus bem como o modo como ele é executado (Jubileus 4.23-27).
O tempo passa e surge Abraão, a quem o Senhor incumbe de ser o progenitor de uma raça eleita e santa a qual, como nação sacerdotal, manteria o mundo em estado de suspensão, até a vinda daquele que seria o Messias por Ele prometido.
A literatura rabínica fala de um momento na vida de Abraão, em que ele é posto à prova, à semelhança de Jó, por instigação do maligno. Fala-se de um diálogo entre o Eterno e satanás nas mesmas circunstâncias constantes da narrativa de Jó. A coisa retirada de Abraão seria o seu único filho, com cuja morte ele perderia a fé e blasfemaria contra o Altíssimo. O Eterno teria feito mais que isso, pondo sobre o os ombros do próprio Abraão a execução de Isaque, para fazer calar o inimigo.
Concentrado agora em Isaque, satanás percebe a admiração que ele tem pelo seu filho primogênito Esaú. Aproveitando-se de um momento de fraqueza deste, leva-o a desprezar a primogenitura e a trocá-la por um pouco de comida. O inimigo percebe que o homem é capaz de qualquer coisa por um pouco de comida. Mais tarde, ele vai usar desta mesma estratégia para tentar Jesus, enquanto homem e com fome (Mat. 4.2), mas é rechaçado por Jesus.
Ao ver Jacó trapacear o irmão e ludibriar a fé do próprio pai, satanás vê novamente a oportunidade de matar dois coelhos numa só cajadada. Agora daria certo, pensava ele. Mas Deus age e, agindo Ele, quem impedirá (Isa 43.13)? E assim o Senhor coloca dois grupamentos de anjos – Mahanaim – sendo um para agir caso Labão tentasse contra a vida de Jacó e o outro, no caso de Esaú tentar matar o irmão (Gên. 32.1-2). E Jacó escapa ileso.
Todavia, o inimigo agora se concentra nos filhos de Jacó. Ele procura uma brecha, e encontra, levando Rubem a perder a primogenitura. Mas satanás logo descobre que, para Deus, havia algo mais importante que a o direito da primogenitura: era o critério da escolha. E assim, ao ver a predileção que Jacó tinha por José, ele resolve investir no comportamento brutal de seus irmãos e o os leva a quase dar cabo de José. Mas o Senhor age mais uma vez e engrandece a José, no Egito.
Afastado Rubem, o primogênito, e Simeão e Levi, por praticarem a vingança sem o consentimento do pai, contra pessoas inocentes sob o pretexto de vingar o ultraje sobre Diná, sua irmã, que havia sido violentada por um incircunciso, satanás se volta para Judá, o bola da vez que não suportando a dor que o pai sofria pela perda do filho da sua velhice que fora vendido e julgava estar morto, afasta-se da presença do pai e dos irmãos e vai morar com os cananeus, casando-se, inclusive, com uma cananeia,  com quem teve três filhos, a saber: Er (Vigia), Onã (vão), e Er (dardo). Segundo a literatura rabínica, a mulher de Judá – Bat-Shua‘ – era serva de Belial e comprometida com o culto cananeu. É ela quem orienta a seu primogênito a não dar semente a Tamar, para não dar continuidade à família hebréia. Era o inimigo tentando cortar o fio messiânico. Morto Er pelo Senhor, Judá se vale do segundo filho para suscitar a herança de Tamar. Mas, sendo ele tão mau como o irmão, o Senhor também o mata, e Onã fica sem dar semente para continuar o fio messiânico. Selá, o filho mais moço, ainda criança, não podia ser dado a Tamar, e então Judá despede a nora para que volte a casa dos seus pais e lá fique até que Selá cresça.
Bat-Shua, mulher de Judá, sendo má, fazia tudo para impedir que Selá viesse a ser dado a Tamar como marido. E o Senhor também a aniquila. Mas, agindo Deus, quem impedirá? E o Senhor age, promovendo uma atividade de tosquia quando se festejava a bênção do rebanho na terra pelos cananeus e midianitas, e Judá se dirige para aquela localidade e tinha que passar pela região onde habitava Tamar. Assim que ela foi informada que seu sogro – Judá – iria passar por ali, ela se veste como uma prostituta e sai para a estrada e fica à espera de Judá. Ora, se o inimigo pode se valer de uma tendência humana para fazer o homem cair, o Senhor pode muito mais, valer-se de uma fraqueza humana para fazê-lo levantar-se e tomar o rumo do Seu Propósito. Assim acontece com Judá que teve um caso com a falsa prostituta – Tamar – e depois fica sabendo que ela, na verdade, cobrou dele a bênção da herança do fio messiânico.
E assim nasce Perez, pai de Esrom, avô de Arão, bisavô de Abinadabe que é pai de Naassom, avô de Salmom, bisavô de Boaz que é pai de Obede, avô de Jessé e bisavô de Davi.
A partir de Davi, o inimigo se concentra não só nele, mas também na linha dinástica, corrompendo o laço messiânico tanto quanto pode, a ponto de fazer o Senhor destruir Jerusalém e enviar o povo para o cativeiro.
Todavia, o que satanás não sabia, é que, como um servo ‘voluntário’ do Senhor, ele estava, na verdade, contribuindo para que, na plenitude dos tempos, Jesus viesse ao mundo trazendo salvação para tantos quantos assim desejam com contrição de coração e arrependimento de seus pecados.
Agindo Ele – o Deus Forte, Eterno e Soberano – não há quem possa impedir-lo.
Glória, pois a Ele, eternamente, Amém!