sábado, 27 de agosto de 2011

DOCE NOME

Jesus, Teu nome é belo,
mais doce do que o mel;
mais puro que o diamante,
mais sublime do que o Céu. 

Jesus, Teu nome é santo,
mais lindo que um pomar;
mais vivo que minh’alma,
mais forte do que o mar.

Jesus, Teu nome é grande,
mais nobre que o de um rei;
mais rico do que o ouro,
mais justo do que a Lei.

 Jesus, Teu nome é suave,
mais belo que um jardim;
mais meigo, amoroso;
tudo isso Tu és pr’a mim. 

Jesus, Teu nome é singular,
igual não há, posso afirmar;
É bem mais alto que o infinito,
maior que o Sol, maior que o mar.

                                                                 Wilson Carlos S. Lima

terça-feira, 16 de agosto de 2011

CRISTO – CENTRO DO PROPÓSITO DIVINO


“Descobrindo-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito, que propusera em si mesmo, de tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra.” (Ef 1.9-10) 

A Bíblia – Palavra de Deus por excelência – nos revela coisas que nossas mentes encontram certa dificuldade para entender, embora venhamos a compreendê-las pela corroboração do Espírito Santo de Deus.
Uma delas é a preexistência de Cristo.
A luz do Shemá, profissão de fé central do monoteísmo judaico, só há um Deus, e Sua glória – sabe-se muito bem – ‘Ele não dá a outrem’.
Por outro lado, Jesus – o Filho de Deus – recebe a denominação de Deus conosco e Pai da eternidade,[1] ainda nas Escrituras veterotestamentárias, o que era do conhecimento dos judeus. O autor da Carta aos Hebreus ainda nos informa que Deus fez o Universo pela instrumentalidade do Filho (1.2), afirmando uma coerência com o texto de Pv 8.22-23.
Outro fato que quase pode passar despercebido é a exatidão da imagem do Pai no Filho que é referida pelo autor da citada carta como sendo “a expressão exata do seu Ser (do Pai), o que coloca Jesus como sendo ‘Um com o Pai’, ou, como afirma João no seu prólogo, o Logos de Deus.
Ainda mais vertiginoso é o fato de ser Ele – Jesus – o fator único para reconstituição do Propósito de Deus, sendo Ele mesmo ainda o principal agente da Criação. Nesta última esconde-se o real propósito divino, qual seja, o de manter o Filho como cabeça de toda a criação tanto nos céus como na terra, ainda antes mesmo de haver o ex nihilo, propósito esse revelado em segunda instância, após sua vitória sobre a morte e sua ressurreição.
O texto de Ef 1.10 apresenta um termo grego interessante: anakefalaiw,ssasqai (recongregar = tornar a congregar), ou seja, tornar a colocar o Filho como cabeça de toda a criação restaurada, como é o propósito inicial e eterno no momento da Criação.
É importante, antes de tudo, para uma melhor compreensão do que seja eternidade, refletirmos no que seja ‘Pai da eternidade’, para podermos compreender a figura de Cristo como sendo a eterna Cabeça de tudo que veio a ser no princípio, e que jamais deixaria de ser, mesmo após a queda de nossos primeiros pais e do que foi a causa do grande dilúvio.
Não é extremamente necessário que tanto a queda como o Dilúvio estejam no Propósito de Deus, já que as atitudes do ser humano causadoras dessas duas tragédias já contavam de modo embrionário na faculdade do Livre-arbítrio outorgado por Ele para o homem no Seu Propósito inicial, antes da Criação.
Ora, sendo a pessoa de Cristo – o Filho – o fundamento de todos os conselhos de Deus, ela se confunde com a própria pessoa de Deus – o Pai – porquanto é do Pai o Logos encarnado, ou ainda a Sabedoria encarnada, como nos informa Paulo escrevendo aos Coríntios: “... pregamos a Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus” (1.24).
Portanto, estar em Cristo é estar no centro da Vontade Divina. É ser sábio porque está nele, Sabedoria de Deus. Por conseguinte, falar de Cristo é sábio, “porque o que ganha almas sábio é”.



[1] Isa 7.14 (Emanuel); 9.6 (Pai da eternidade).

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

A TENTAÇÃO DE CRISTO


Tendo o Senhor Jesus assumido seu ministério entre os homens, tornou-se necessário que Ele fosse experimentado como tal. Assim, como fruto do ato da Graça do Pai, no Filho revelada, Ele, que veio na forma de homem, inicia sua carreira terrena, sendo levado pelo Espírito ao deserto para ser tentado pelo diabo. Temos então o homem, santo e justo, filho de Deus, desfrutando os privilégios concedidos a qualquer homem, uma vez que Ele se encontrava agora nas mesmas condições do primeiro Adão, adentrando ao mundo, com a única diferença de que, conquanto Adão não conhecesse ainda o Bem e o Mal, Jesus, como homem, já possuía tal conhecimento, porque também era Deus.

Destarte, era necessário que Ele passasse pelas mesmas experiências vividas por Adão, no intróito de sua carreira terrena. O modus atuandi do agente do Mal deveria ser o mesmo que fizera Adão perder sua posição de rei da terra para satanás. Jesus deveria ser alvo do mesmo esquema que iludira Adão, fazendo-o pecar contra Deus. Havia, entretanto uma diferença na estratégia e consequente tática do diabo: Era Sua condição espiritual que estava em jogo, não Sua inocência, pois Ele conhecia o Bem e o Mal. Para o diabo este fato parecia uma vantagem, embora não o soubesse, pois, vivendo em plenas trevas, jamais poderia detectar os raios de luz que brilhavam através da pessoa eterna do filho de Deus.

Havia algo mais que diferenciava Jesus do primeiro Adão: Este, em pleno usufruto de sua inocência, participando de todas as bênçãos e de uma natureza em plena harmonia com o Criador e com ele mesmo, deveria pensar em Deus sempre, até mesmo no instante em que foi posto a prova pelo tentador. Jesus, ao contrário, veio num mundo conturbado, cheio de trevas, em meio a uma humanidade em estado de queda, enfrentado preconceitos ainda em sua infância, até mesmo pelos seus meio-irmãos. Aquele que ‘estava com o Pai’, que ‘era Deus’ no Pai, porquanto Filho, deveria não só pensar em Deus, mas ainda manter-se em plena obediência ao Pai, fazendo tão-somente a vontade do pai, ainda que sofrendo as circunstâncias e conseqüências, face ao mundo no qual e para o qual viera. Deveria Ele cumpri-la em meio às dificuldades, privações, solidão, aridez de desertos, locais onde, pela teologia judaica insipiente, os demônios viviam e atuavam, inclusive, o próprio príncipe dos demônios – satanás.

Viver nas trevas era especialidade de satanás. Ao tentar, pois, a Adão, mediante Eva, agora sua cúmplice, insinuou a este que, vivendo nas ‘trevas’ do conhecimento, ele não poderia conhecer o mundo ao seu redor, por isso deveria ‘abrir os olhos’ (Gên. 3.5). Aliás, esta tem sido a mais antiga arma empregada pelo diabo contra a humanidade – o conhecimento. Não é sem conta que o mundo mergulhou logo, logo, na pesquisa da música, dos remédios, na busca pela ‘vida futura’, ou seja, o gnosticismo.



Satanás sabia que ‘os olhos’ de Jesus já estavam ‘abertos’ para a realidade do mundo contemporâneo à sua vinda. A tática agora empregada seria outra. Jesus se encontrava em pleno Deserto - domínio de satanás, segundo a cosmologia judaica – e encontrava-se faminto, após quarenta dias de jejum e oração.

O inimigo fez uso de todas as suas faculdades espirituais, fruto de uma sabedoria maligna – aquela que inspirou o rei de Tiro (Ez. 28.3) – para induzir Jesus a fazer uso de Seus privilégios. A primeira investida foi justamente “se Tu és o Filho de Deus”, - aliás, bem lembrado. O que satanás esperava de Jesus era que Ele, para resolver o Seu problema e aliviar a Sua fome, desconsiderasse o mandamento que recebera do Pai, evitando, assim, os sofrimentos que poderiam advir durante o decurso da execução da vontade do Pai. Com isso o diabo O levaria a fazer a Sua vontade e não a do Pai.        

Jesus, então, desfrutando de uma plena relação com Deus, com os plenos favores de Seu Pai, porquanto Filho de Deus, e sendo a própria imagem espiritual de Deus e física do homem, se deixa ir ao deserto e ali permanece por quarenta dias e quarenta noites, para estar em conflito com o inimigo. Para manter esse relacionamento com o Pai, Ele nunca deixara de estar com os homens, pois, como diz a Escritura, “Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam...” (João 1.11). Todavia, segundo Mateus, Ele é separado de entre os homens pelo poder do Espírito Santo para estar só por um pouco de tempo, em conflito com o inimigo. Moisés, em plena condição humana, permaneceu este mesmo tempo com Deus, ao passo que Jesus ficou à disposição do inimigo.

Ali Jesus é tentado por satanás que Lhe faz a primeira proposta: Satisfazer Suas necessidades biológicas, saciando Sua fome, sem incomodar o Pai, de quem dependeria em todo o Seu ministério, enquanto homem. O inimigo esperava que Jesus agisse de acordo com Sua própria vontade e em Seu próprio benefício, já que tinha poder divino. Porém, assim como Israel – Povo de Deus no deserto – fora alimentado com o maná de Deus, aprendendo com isso que ‘nem só de pão vive o homem, mas, sim, de toda a palavra que sai da boca de Deus’, Jesus também, como Homem e judeu obediente, esperou pela Palavra, nada fazendo fora dela. Como Ele mesmo afirmou mais tarde, ‘Ele não veio para fazer a Sua vontade, mas a do Pai que O enviou’.  O verbo empregado pelo inimigo – dizer – faz parte do vocabulário de um ser que testemunhou os seus fenomenais efeitos ao ser mencionado nas Escrituras, inclusive pelo próprio Deus. Satanás sabia que isto poderia dar resultados, já que Jesus, sendo o Filho de Deus, tinha autoridade suficiente para realizar o ato proposto por ele e provar-lhe que realmente era o Filho de Deus.

Tal atitude, uma vez assumida por Jesus, poria fim na necessidade de continuar seu ministério, já que satanás teria se rendido, face o milagre realizado. Isso O pouparia da cruz, inclusive. Penso eu, cá nos meus botões, que se Ele assim procedesse, não perderia o amor do Pai nem a sua condição de Filho de Deus e nem seu status quo. Quem sofreria com isso seríamos nós, pois o plano da redenção teria fracassado e nós, com efeito, permaneceríamos como antes, eternamente perdidos. O inimigo não precisaria gastar mais a sua loquacidade. O que ele não esperava é que Jesus agisse como servo obediente, fazendo unicamente a vontade do Soberano Deus. Ele não pensou somente como Filho, mas como irmãos de muitos que estariam um dia com Ele no gozo do Senhor e, para tanto, necessitavam do cumprimento de toda a sua missão. (Oh, glória!)

Tendo falhado na primeira proposta, satanás Lhe faz outra: “lança-te daqui para baixo”. O local era o pináculo do Templo, logo, a proposta, agora, era para o Messias. O inimigo usa a Palavra: “... pois está escrito que aos seus anjos dará ordem a teu respeito para que te segurem com suas mãos, de modo que não tropeces em alguma pedra’ (v.6). A tentação a modo de proposta é mais séria ainda, pois, para realizar esse ato, Jesus precisaria ‘checar’ a validade da Palavra do Pai, para isso, tentando-O. Se na primeira investida, ele atacou o homem, agora, na segunda, ele ataca o Messias – Deus-Homem.

Na prática, Jesus estaria mais uma vez provando que, além de Filho de Deus, Ele também era o Messias prometido e que viera como tal, o que dispensaria a necessidade da cruz e dos infortúnios de um ministério, por mais curto que fosse. Novamente, Ele estaria bem com o Pai, mas incapaz de cumprir Seu ministério até o fim – Morte e Ressurreição – o que significaria a nossa perdição eterna.

Tendo percebido a intenção do diabo, Jesus o rechaça com o mandamento do próprio Pai: “Não tentarás ao Senhor teu Deus”. Essa palavra, para o inimigo, teve duplo efeito: Ele estaria levando Jesus a tentar o Pai, Seu Deus, como ainda estaria tentando ao Senhor Jesus, seu Deus e autor da Criação, inclusive do próprio Lúcifer, agora satanás.

Tendo falhado estas duas vezes, satanás apela de modo mais sério ainda: ‘Tudo isto te darei se, prostrado me adorares’. A mente insana daquele que possuía uma sabedoria maligna leva-o a cometer o mesmo erro do passado, como que numa recaída de sua própria síndrome: querer ser igual a Deus, passando por cima do Filho. A aceitação dessa proposta era digna de qualquer rei, já que teria sob seu comando todas as nações. Para Ele, o Messias – O futuro Rei de todas as nações – a proposta era válida, pois Ele se tornaria rei universal sem precisar sofrer tanto – cruz e morte – e reinar como era a proposta de Deus para o reinado messiânico.

Que lições podemos tirar do comportamento do Jesus Homem?

a)      Guardar a Palavra de Deus em nossos corações. Se Jesus não tivesse guardado a Palavra em Seu coração, certamente, sucumbiria na primeira proposta;

b)      Se entregarmos os mínimos detalhes de nossa vida aos cuidados daqueles que são nossos anjos e velam por nós – os pastores, deixaremos de entender qual seja a boa vontade de Deus para conosco. Passaremos a viver numa falsa dependência, perdendo o privilégio de ‘militar a boa milícia’.

c)      Devemos ter cuidado para não deixar que Satanás nos engode de tal maneira que façamos a sua vontade, julgando estar fazendo a vontade de Deus. Caso caiamos em sua armadilha, estaremos comprometidos com outros deuses que, na verdade, são filhos do Deus do presente século.



O interessante é que Jesus teve resposta para todas as propostas, após a retirada de satanás:

a)      “A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra” (João 4.34);

b)      Os anjos vieram servi-lo.

c)      Ao entrar em Jerusalém, Jesus recebeu honras de Rei messiânico: “Hosana! ao filho de Davi. Bendito o que vem em nome do Senhor; Hosasa nas maiores alturas” (Mt 21.9) e “Bendito o reino que vem, o reino de Davi, nosso pai! Hosana nas maiores alturas!” (Mc 11.10).

sábado, 6 de agosto de 2011

MANHÃ RADIOSA

No céu, apenas uma estrela brilha.
É madrugada; e a Lua
na plenitude jaz do seu reflexo.
Contudo, ainda que mavioso o céu,
ao longe vêem-se, qual negro véu,
densas nuvens,
E o poeta fica a olhar perplexo. 

Quantas águas ali estarão?!
Talvez milhões de litros ou mais...
E as nuvens flutuam, levadas pelo vento.
A Lua não mais brilha então.
Agora o que se ouve é uma rude canção,
composta pelo ar em movimento. 

Não mais se deixa ver a estrela.
                        ...E o poeta, embevecido, fita
os olhos no céu, suspira e grita:
“Onde estás, ó Sol, que não te fito”? 

E espera, espera... até que surge,
Como um leão que se levanta e ruge,
– sem ouvir-se o som do seu rugido –
o Sol que, qual gigante adormecido,
desperta, em resposta ao poeta aflito.

                                   Wilson Carlos S. Lima