quinta-feira, 17 de maio de 2012

O VALOR DA TERCEIRA IDADE PARA A FAMÍLIA


Em geral, em quase toda a casa há, pelo menos, um idoso. Em algumas, há até mesmo um casal de idosos. O fato é que em todas as famílias há sempre pessoas da terceira idade. São o vovô, a vovó, ou um tio ou uma tia que envelheceu e não chegou a ter filhos para deles cuidarem na velhice.
A Bíblia nos dá testemunho a respeito da segurança que uma pessoa pode ter de envelhecer bem e ter o amparo necessário até sua partida deste mundo. Davi, o rei de Israel, faz a seguinte afirmação:

“Fui moço e agora sou velho; mas nunca vi desamparado o justo, nem a sua descendência a mendigar o pão” (Sl 37.25).

Na sua casa mora alguém da terceira idade? Na sua família existe um membro da terceira idade? Nos dias de hoje, é um fato presente a convivência direta com alguém da terceira idade. Até porque o número de idosos aumenta a cada ano. E também as condições de vida, saúde e recursos tem sido muito generosas, a ponto de conceder melhores condições para uma boa sobrevivência.
Nesta nossa abordagem vamos procurar abordar a questão do idoso dentro do âmbito familiar. Mas, para isso, é preciso, primeiro, fazer uma rápida abordagem sobre a família.
O Pr Irland, na apresentação do Livro, A FAMÍLIA NA BÍBLIA, de autoria do Pr Gilson Bifano, faz a seguinte afirmativa: “Se desejamos entender a família do ponto de vista cristão, precisamos analisar toda a sua trajetória ao longo dos relatos bíblicos”.
A origem da Família encontra-se no primeiro livro da Bíblia – Gênesis.
Antes da queda do Homem, Deus instituiu a Família, dando-lhe atribuições e responsabilidades.
O Pr Jorge Maldonado, terapeuta familiar, faz a seguinte observação: “O casamento e a família não estão vinculados ao Estado nem à lei e nem ao ato da redenção, mas à criação”.
De acordo com o livro de Gênesis, antes da queda, tanto o homem quanto a mulher tinham privilégios e responsabilidades iguais. Ambos foram criados por Deus, “à sua imagem e semelhança”. Com isto, homem e mulher participavam dos atributos divinos, ou seja: sabedoria, retidão e santidade. Ambos receberam a ordem de cuidar e dominar a terra. Homem e mulher ocupavam um lugar de honra no jardim do Éden. Antes da queda, o primeiro casal vivia em perfeita harmonia.
Após o ato da desobediência, marido e mulher começaram a ter uma nova visão, agora distorcida é claro, da vida, do amor, da sexualidade (Gn 3.7), e começaram a afastar-se da comunhão divina (Gn 3.8);
O primeiro conflito familiar ocorreu sob troca de acusações: ele colocou a culpa nela e ela, por sua vez, colocou a culpa na serpente.
Antes da queda, não havia qualquer sentimento de machismo ou feminismo, muito embora o homem tenha recebido de Deus a incumbência de ser o cabeça da mulher, ou seja, da família.
Podemos dizer que a queda afetou as bases do casamento e da família.
Após a queda espiritual da humanidade a violência se propaga e o clamor das injustiças chega ao céu, diante de Deus:

“A terra, porém, estava corrompida diante de Deus, e cheia de violência. Viu Deus a terra, e eis que estava corrompida; porque toda a carne havia corrompido o seu caminho sobre a terra. Então disse Deus a Noé: O fim de toda a carne é chegado perante mim; porque a terra está cheia de violência dos homens; eis que os destruirei juntamente com a terra” (Gn 6.11-13).

Mas a Família é preservada com Noé, pois entram na arca Noé, sua esposa, seus três filhos e suas três noras.
De Noé até Abraão, a família toma um amplo espaço no relacionamento com o Senhor Deus. Surge a família patriarcal, com laços fortes de clã, onde o mais velho é respeitado e obedecido, competindo a ele, inclusive, o juízo sobre os demais membros da família patriarcal.
A família de Abraão, antes da promessa, era formada pelo Pai e seus irmãos. A princípio, o relacionamento dessa família com Deus era perfeito. Mas o local onde eles habitavam não prestava e acabou contaminando a família de Tera, pai de Abraão. Tanto que, após a morte de seu pai, Deus tira Abraão daquele ambiente idólatra:

“Foram os dias de Tera duzentos e cinco anos; e morreu Tera em Harã. Ora, o Senhor disse a Abrão: Sai-te da tua terra, da tua parentela e da casa do teu pai, para a terra que eu te mostrarei” (Gn 12.1).

A partir de Abraão, porém,  os olhos do Senhor são fixados para a herança familiar – os filhos.
Enquanto não nasce Isaque, o verdadeiro herdeiro da Promessa, o Senhor não larga do pé de Abraão.
Antes de falarmos um pouco mais sobre as características das famílias patriarcais, podemos afirmar que o mesmo cuidado que Deus demonstrou para com a família de Noé também demonstrou para com a família de Ló.
Vamos procurar ver agora a questão do idoso dentro do âmbito familiar.
Há duas realidades intrínsecas no que diz respeito ao relacionamento da família com os integrantes da terceira idade:
1. O idoso tem suas necessidades e suas expectativas de vida, pelo tempo que ainda lhe resta sobre a face da terra.

2. A família nem sempre entende esse processo pelo qual o idoso passa durante essa expectativa de vida.
A família, de um modo geral, pode ser definida como um grupo enraizado numa sociedade na qual adquire certas responsabilidades sociais.
Atualmente, a família vem assumindo um papel importante no relacionamento com os seus idosos, à medida que o envelhecimento da população se verifica cada vez mais acelerado. Isso, inclusive, ainda é pouco estudado pelas ciências sociais.
A Constituição Federal de 1988 apresenta a família como base da sociedade e coloca como dever da família, da sociedade e do Estado “amparar as pessoas idosas assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem estar e garantindo-lhes o direito à vida”.
Neste sentido, cabe aos membros da família entender essa pessoa em seu processo de vida, de transformações, conhecer suas fragilidades, modificando sua visão e atitude sobre a velhice e colaborar para que o idoso mantenha sua posição junto ao grupo familiar e a sociedade.
No início, quando ainda os pais são jovens e até a meia-idade, eles é que cuidam dos filhos, provêm para eles os seus estudos e sua formação; Mas, depois de criarem os filhos, os pais entram na terceira idade envelhecem cada vez mais até o dia da sua partida deste mundo.
Pergunta-se: O que eles podem esperar de seus filhos e netos? Serem enviados para um asilo? Serem abandonados?
Voltando à Palavra de Deus, Davi afirma que nunca viu o justo ficar desamparado na velhice.
Na família patriarcal, isso jamais ocorreria, já que o patriarca era assistido não só pelos filhos e netos, como pelos seus mordomos e empregados.
Abraão deixou este mundo aos 175 anos de idade, em boa velhice. E foi sepultado pelos seus dois primeiros filhos – Isaque e Ismael.
Jacó também deixou este mundo aos 147 anos de idade e em boa velhice, também assistido pelos seus filhos e netos.
A família patriarcal mantinha o respeito e cuidava de seus idosos. Isso é refletido não só no testemunho de Davi, mas no testemunho que o apóstolo Paulo dá a respeito da avó de Timóteo.
“Trazendo à memória a fé não fingida que há em ti, a qual também habitou primeiro em tua avó Loide e em tua mãe Eunice e estou certo de que também habita em ti” (2 Tim 1.5).

Com as fragilidades que muitas vezes acompanham o processo de envelhecimento é comum surgirem conflitos entre os filhos quando a situação dos pais passa a lhes exigir novas responsabilidades e cuidados.
Mas a Palavra de Deus recomenda o cuidado para com os idosos, de um modo geral, e, em particular, dentro da família.
Olha o que Paulo recomenda a Timóteo:

“Não repreendas asperamente a um idoso, mas admoesta-o como a um pai...” (1 Tim 5.1).

É preciso que as famílias respeitem as necessidades da terceira idade, para que os idosos, no caso, seus pais, não se sintam um encargo para os filhos.
Por outro lado, os idosos devem se esforçar para não se deixar entregar à inatividade mórbida, buscando evitar, o máximo possível, o sentimento de dependência da família que, em geral, aflige o idoso.
Em geral, os idosos estão sempre naquela expectativa de receberem atenção e cuidados dos filhos e netos no momento em que perderem ou tiverem suas capacidades diminuídas, sendo este um fantasma constante a perseguir e preocupar os mais velhos.
Há algumas décadas atrás, o hiato entre os jovens e os idosos era muito amplo. Mas, com o tempo, novas condições de vida estão permitindo uma convivência mais estreita entre jovens e idosos.
À medida que a expectativa de vida aumenta, os de meia-idade se relacionam com os jovens e com os idosos, de modo que eles aprendem melhor a se relacionar uns com os outros.
A dependência entre as gerações, ao que tudo indica, se revela de duas naturezas distintas: de um lado a dependência material dos filhos que por precisarem cada vez mais e por mais tempo da proteção dos pais, não hesitam em aceitá-la, até por entenderem como obrigação. Do outro lado a dependência emocional dos pais, fruto do modelo familiar estabelecido. Neste modelo a família é entendida como uma forma natural de organização da vida coletiva, uma instituição estável da sociedade, sendo a união entre seus membros a principal responsável pela integração e harmonia da vida familiar.
Essa dependência se caracteriza no que se pode chamar de acordo tácito, ou seja, uma negociação na qual os pais acalentam a expectativa de obter no momento que necessitarem a retribuição pela dedicação oferecida à família.
As mudanças que estão ocorrendo nas representações de família nas novas gerações estão exigindo formas alternativas de convívio familiar e consequentemente a reformulação de valores e de conceitos.
A família brasileira do terceiro milênio está cada vez mais distanciada do modelo tradicional, no qual o idoso ocupava lugar de destaque. Estamos vivendo um importante período de transição e mudanças, no qual se faz necessário o entendimento das transformações sociais e culturais que vem se processando nas últimas décadas, para enfrentarmos o nosso próprio processo de envelhecimento dentro de expectativas condizentes com as novas formas de organização familiar. No entanto, qualquer que seja a estrutura na qual se organizará a família do futuro, há a necessidade de se manterem os vínculos afetivos entre seus membros e os idosos. Nesta fase da vida, o que o idoso necessita é sentir-se valorizado, viver com dignidade, tranquilidade e receber a atenção e o carinho da família.
Nesse relacionamento dos idosos com os jovens na família, temos que destacar a posição do sogro e da sogra e, consequentemente, do genro e da nora.
A Bíblia nos dá alguns exemplos.
Jetro foi um bom sogro. Ao ver a situação do genro na tomada das decisões junto aquele povão, ele dá alguns conselhos a Moisés, seu genro.
Já o sogro de Jacó – Labão – não foi um bom sogro. Explorou seu genro durante cerca de 21 anos e ainda queria matá-lo porque Jacó simplesmente queria independência daquela vida mesquinha.
Noemi, sogra de Rute, foi uma boa sogra. Sua nora se afeiçoou dela e pôde aprender muito com ela, com sua vida e testemunho acerca de seu Deus, tanto que ela não procurou outra coisa senão ficar com sua sogra e ser admitida como filha.
Sogros e sogras, sejamos como Jetro e Noemi, que viveram uma vida útil, chegando a agradar a Deus nos seus aconselhamentos a seus genro e nora respectivamente.
Genros e noras, sejamos como Moisés e Rute, que souberam ouvir seus sogros e sogras em momentos sérios de tomada de decisões. 

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