A opinião de Paulo acerca
de Jesus Cristo, o Messias, mudou radicalmente, após a sua conversão. Mudou
também com relação à salvação e à Lei. Para Paulo, o termo Christos estava
inserido na própria pessoa de Jesus. Ele o chama de Jesus Cristo, embora
sabendo que é um título, mas o insere na pessoa de Cristo, como podemos ver em
Rm 3.24.
Como Messias, Jesus teria
que estar reinando ou reinar em uma determinada época ou era. A priori, o Reino
de Cristo, para Paulo, começou na sua ressurreição. E terminará quando houver
“...posto todos os inimigos debaixo de seus pés” (1 Cor 15.25).
Ao receber do Pai todo o
poder no Céu e na Terra, Jesus torna-se Rei, e permanece Rei até quando a morte
for aniquilada, ocasião em que devolverá ao Pai o comando de todas as
ações previstas no sábio conselho de Deus. A rigor, Cristo, segundo Paulo,
preenche um hiato, aberto com a queda de toda a Criação.[1]
Para Paulo, o reino do
Cristo glorificado não é um reino apenas de graça e bênção sobre a Igreja; é
também de força e sujeição sobre todos os poderes espirituais.[2]
Entretanto, de acordo com
o pensamento paulino, esse Reino, que para ele já começou com a sua
ressurreição, terá uma atividade messianocrática[3]
em que os “mansos” que herdarem a terra prometida (Mt 5.5 e Is 57.13; 60.21;
61.7; 65.9), usufruirão desta bênção escatológica (1 Cor 6.9,10; 15.50; Gl
5.21). É quando reino e glória estarão juntos; quando as nações trarão glória e
presentes ao Rei Jesus.
A questão é que o
aniquilamento da morte e do inferno só ocorrerá, segundo a
doutrina de Paulo, após a vitória sobre o anticristo, o qual será
aniquilado pelo sopro da sua boca e destruído pela manifestação da sua vinda (2
Ts 2.8).
Apesar do sistema iníquo
de cujo meio surgirá o anticristo já está atuando no mundo desde a assunção de
Cristo aos céus à destra do Pai (2 Ts 2.7), este personagem, que é segundo a
eficácia de Satanás, só se manifestará na sua totalidade maligna após a partida
de alguém muito especial que se encontra restringindo a atuação plena desse
sistema e da manifestação desse anticristo.
Alguns estudiosos têm
visto neste restringidor a pessoa do Espírito Santo que nos foi deixada a nós, como
Igreja, com vistas à sua defesa diante desse sistema que já opera no mundo, e
sua preservação como nação santa. Ao retirar-se do mundo, com a Igreja
arrebatada, condição sine qua para que Ele se retire, não havendo
qualquer outra possibilidade bíblica ou teológica, o Iníquo se manifestará ao
mundo, já sem a Igreja presente, o que facilitará sua atuação e sua operação
maligna para com os que “não receberam o amor da verdade para se salvarem (v.
10) e a quem “Deus enviará a operação do erro para que creiam a mentira” (v.
11).
O envio dessa operação do
erro, “matricializada” na pessoa do Anticristo, tem um objetivo santo e justo:
“Para que sejam julgados todos os que NÃO creram a verdade, antes tiveram
prazer na iniquidade” (grifo nosso) (v. 12). Esse advérbio de negação valoriza
o processo que se desenrolará com a presença do anticristo e sem a presença
daquele que garante e sela a salvação do salvo. Trata-se de um mundo totalmente
perdido, pelo que não se concebe a presença de um Israel terreno ainda por se
salvar. Este Israel terreno pode já estar contido no Reino de Cristo como
também pode estar fora dele para sempre, se estiver no mundo do Anticristo.
Surge uma outra questão:
Não haverá uma terceira vinda. Se a manifestação de Cristo na qual o Anticristo
é destruído e seu poder aniquilado for a sua Segunda Vinda, então entende-se
que a visão pre-milenista não é de todo uma heresia. Segundo Paulo, esta
doutrina permanece em suspense, ao passo que, na Revelação a João – o
Apocalipse – que veio para revelar e não para velar (cobrir, ocultar), Jesus
deixa claro que após o milênio, não mais retorna à Terra, pois o seu
Trono estará em um lugar diferente da Terra e céu (Ap 20.11), de onde julgará
os vivos e os mortos.
Mas como explicar o
“arraial dos santos” e a “cidade amada” onde estão pessoas salvas, eleitas, que
são defendidas por Deus com fogo do céu (Ap 20.7)? Seriam estes o povo da
Igreja arrebatada?
Me ajuda aí......
[1]
“Porque sabemos que toda a criação, conjuntamente, geme e está com dores de
parto até agora. E não somente ela, mas nós mesmos, que temos as primícias do
Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção
do nosso corpo” (Rom 8.22,23).
[2]
Ladd G. E. Teologia do Novo Testamento, S. Paulo. Ed. Hagnos, p.
385.
[3]
Neologismo deste pensador, pois, segundo o entendimento judaico, o Messias
viria para reinar absoluto, como ensinavam os rabinos, seguindo o modelo
Enoquiano.
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