“Descobrindo-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito, que propusera em si mesmo, de tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra.” (Ef 1.9-10)
A Bíblia – Palavra de Deus por excelência – nos revela coisas que nossas mentes encontram certa dificuldade para entender, embora venhamos a compreendê-las pela corroboração do Espírito Santo de Deus.
Uma delas é a preexistência de Cristo.
A luz do Shemá, profissão de fé central do monoteísmo judaico, só há um Deus, e Sua glória – sabe-se muito bem – ‘Ele não dá a outrem’.
Por outro lado, Jesus – o Filho de Deus – recebe a denominação de Deus conosco e Pai da eternidade,[1] ainda nas Escrituras veterotestamentárias, o que era do conhecimento dos judeus. O autor da Carta aos Hebreus ainda nos informa que Deus fez o Universo pela instrumentalidade do Filho (1.2), afirmando uma coerência com o texto de Pv 8.22-23.
Outro fato que quase pode passar despercebido é a exatidão da imagem do Pai no Filho que é referida pelo autor da citada carta como sendo “a expressão exata do seu Ser (do Pai), o que coloca Jesus como sendo ‘Um com o Pai’, ou, como afirma João no seu prólogo, o Logos de Deus.
Ainda mais vertiginoso é o fato de ser Ele – Jesus – o fator único para reconstituição do Propósito de Deus, sendo Ele mesmo ainda o principal agente da Criação. Nesta última esconde-se o real propósito divino, qual seja, o de manter o Filho como cabeça de toda a criação tanto nos céus como na terra, ainda antes mesmo de haver o ex nihilo, propósito esse revelado em segunda instância, após sua vitória sobre a morte e sua ressurreição.
O texto de Ef 1.10 apresenta um termo grego interessante: anakefalaiw,ssasqai (recongregar = tornar a congregar), ou seja, tornar a colocar o Filho como cabeça de toda a criação restaurada, como é o propósito inicial e eterno no momento da Criação.
É importante, antes de tudo, para uma melhor compreensão do que seja eternidade, refletirmos no que seja ‘Pai da eternidade’, para podermos compreender a figura de Cristo como sendo a eterna Cabeça de tudo que veio a ser no princípio, e que jamais deixaria de ser, mesmo após a queda de nossos primeiros pais e do que foi a causa do grande dilúvio.
Não é extremamente necessário que tanto a queda como o Dilúvio estejam no Propósito de Deus, já que as atitudes do ser humano causadoras dessas duas tragédias já contavam de modo embrionário na faculdade do Livre-arbítrio outorgado por Ele para o homem no Seu Propósito inicial, antes da Criação.
Ora, sendo a pessoa de Cristo – o Filho – o fundamento de todos os conselhos de Deus, ela se confunde com a própria pessoa de Deus – o Pai – porquanto é do Pai o Logos encarnado, ou ainda a Sabedoria encarnada, como nos informa Paulo escrevendo aos Coríntios: “... pregamos a Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus” (1.24).
Portanto, estar em Cristo é estar no centro da Vontade Divina. É ser sábio porque está nele, Sabedoria de Deus. Por conseguinte, falar de Cristo é sábio, “porque o que ganha almas sábio é”.
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