quarta-feira, 4 de julho de 2012

RELIGIÃO: PROPOSTA DIVINA OU PRÁTICA HUMANA?

            Introdução

O termo religio, onis vem do Latim e tem como sentido principal a idéia de religação, reatamento. Segundo a Bíblia Sagrada, esta é a intenção de Deus para com o homem. Este, por sua vez, criado à imagem e semelhança de Deus, tornou-se alheio ao relacionamento que lhe fora proposto e, por conseguinte, afastou-se de Deus, desligando-se dele completamente. A busca pelo ser criado é uma iniciativa de Deus e, como tal, deve ser no estilo dele, segundo sua proposta ao homem decadente. Religião é, portanto, uma proposta divina para o homem e tem como objetivo reconciliá-lo com Deus.
Por outro lado, o homem, na tentativa de buscar a Deus, tropeça nos seus propósitos e se emaranha em atividades rituais e místicas, colocando para si mesmo barreiras intransponíveis que resultam num completo ceticismo em relação à verdadeira fé, passando a crer em crendices e regras e práticas religiosas que acabam por levá-lo a um mar de dúvidas com respeito à pessoa do próprio Deus.
Por ser proposta de Deus, o homem deve procurar entender Sua vontade e caminhar em direção a ela, tendo como alvo viver em Sua presença continuamente.
A experiência dos gregos, observada pelo apóstolo Paulo, retrata o quadro em que a humanidade tem permanecido desde os dias antigos até o presente, mostrando, entretanto, a existência de uma luz no fim do túnel que pode revelar a verdadeira direção para a qual o homem deve se voltar para encontrar a Deus.
Como prática humana, a religião assume certas características, cujos segmentos, diferindo ou não entre si, acabam por induzir o homem a um afastamento imperceptível dos objetivos e propósitos divinos. 

RELIGIÃO COMO PROPOSTA DIVINA 

Desde os dias mais antigos, quando o homem vivia em plena harmonia com Deus e Sua criação, o homem tem desfrutado das bênçãos de Deus através das chuvas e do sol, das brisas e das monções, usufruindo do fruto das árvores frutíferas, da água potável e do ar que respira. Tudo isso é uma dádiva do Pai das Luzes que pode ser com plenitude e abundância ou com escassez, de acordo com o relacionamento do homem com o Criador.
As Escrituras Sagradas revelam momentos na vida de algumas nações, inclusive Israel, quando as dádivas do Criador e Senhor tornaram-se escassas, produzindo prejuízo para as lavouras, para o gado e, em momentos de pico, para o próprio homem.
A primeira ordem de Deus ao homem dada no Éden revela a preocupação de Deus com esse homem e busca educá-lo no sentido da obediência plena à Sua vontade. Tanto como indivíduo como em sociedade, o homem deveria obedecer a Deus e andar segundo Sua vontade. Porém, o homem falhou na consecução dos objetivos propostos por Deus para ele, e pecou, rebelando-se contra Ele e deixando de fazer a Sua vontade.
O resultado desse triste evento foi trágico não só para o homem, mas também para toda a sociedade humana. Uma vez que “todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus (Ro 3.23)”.
Não obstante, o Deus que cria é também o Deus que sustenta a criação e, como tal, não podia deixar de prover ao homem os recursos necessários para a sua reabilitação.
O propósito de que fala o apóstolo Paulo, “de tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra (Ef 1.10)”, refletem o interesse de Deus pela criação, principalmente o homem, para tê-lo um dia em comunhão com Ele. E para isso, o homem precisa ser educado para viver em sociedade não só com o próximo, mas, sobretudo, com Deus. E é nesse firme propósito que o Senhor Deus lança a pedra fundamental da religião proposta por Ele ao homem: “...esta te ferirá a cabeça... (Gen 3.15b)”, ou seja, “da semente da mulher nascerá aquele que esmagará a cabeça da serpente”. Tal predição, da boca do próprio Deus, levou nossos primeiros pais a uma reflexão em função de sua atitude leviana para com a vontade divina, e fez com que estes vivessem em sociedade buscando agradar a Deus, como fizeram Enoque e Noé e, mais tarde, Abraão, Isaque e Jacó, donde surge o povo de Israel.
  A religião proposta por Deus ao homem tem um misto de valores morais e espirituais: morais porque conduz o homem a uma vida interativa com a sociedade em que vive, buscando o bem comum; e espirituais porque procura relacioná-lo com Deus, buscando agradá-lO e servi-lO ao mesmo tempo em que, sob a dependência deste, o homem irá usufruir de bênçãos abundantes que são descritas a todo momento na Sua Palavra, com o fim de direcionar o homem para um inter-relacionamento na forma de uma teocracia em que Deus e homem se interagem por toda a eternidade.
A religião proposta por Deus ao homem busca reconciliá-lo consigo e esta reconciliação só pode ser levada a efeito mediante a pessoa de Jesus Cristo.
O povo de Israel vivia nessa expectativa, sem entender o cerne da proposta divina, mas compreendendo o fim dela, cuja manifestação seria com a vinda do Messias prometido. A Lei compreendia o contexto da religião proposta por Deus, e a graça, o fim, o cerne não entendido pelos antigos pais, mas revelado na plenitude dos tempos na pessoa de Jesus Cristo, o Filho de Deus.
O judaísmo tem em si raízes divinas, enquanto contexto da proposta de Deus para Israel, mas possui também raízes humanas porque foi transformado em preceitos e mandamentos de homens que mais desviava o homem de Deus do que o conduzia a Ele. O judaísmo pode ser útil para o entendimento acerca do desvio que levou a religião de “proposta divina” para “prática humana”.
A culminância da proposta divina aconteceu com Cristo e em Cristo, uma vez que Ele é o fim da lei e dos profetas, ao mesmo tempo em que é a resposta à proposta em Gênesis 3.15. Nele todas as coisas são congregadas, isto é, religadas, a partir do cumprimento de suas cláusulas, já que proposta divina e, como tal, o homem que a aceitar deve enquadrar-se nos requisitos expostos pelo proponente que é Deus.
Como fator educativo e social, a religião cristã, fundamentada em Cristo e nos seus apóstolos, propõe ao homem uma vida justa, pura e santa, e o conduz a uma interação de valores eternos que o levam a uma verdadeira educação, já que os ensinamentos de Jesus Cristo, corroborados pelo Espírito Santo, têm base no amor de Deus.

RELIGIÃO COMO PRÁTICA HUMANA

Um exemplo bíblico de religião como prática humana, sem vínculo real com a proposta feita por Deus ao homem, é a atitude de Jeroboão por ocasião da divisão de Israel nos dois reinos: do Norte e do Sul. Esta religião surgiu, por conseguinte, como fruto do alvitre de um homem e era muito parecida com o judaísmo praticado pelo povo de Judá, com a grande diferença de ser uma mera prática humana, pois não tinha Deus como proponente e sim Jeroboão e seus conselheiros. Uma religião idólatra, cujo Deus era um bezerro de ouro, duplicado para fazer face aos altares de Betel e de Dã, com festas e celebrações em dias “que ele tinha escolhido a seu bel prazer” (I Reis 12.33).
O povo de Israel deveria ser educado no modelo religioso do seu líder – um homem mentiroso e ávido de poder. Jeroboão nos faz lembrar Muhammed e seu Islamismo; Sidhartha e seu Budismo; Tao e seu Taoísmo; Kardec e seu Espiritismo.

ALGUMAS IMPLICAÇÕES

A religião, quando sai da categoria de proposta divina para prática humana, corre risco de ser atropelada por algumas ideias heréticas, tais como o Arianismo e o Gnosticismo. Foi o que aconteceu por ocasião da Igreja Primitiva. O Gnosticismo, sistema filosófico-religioso surgido nos primeiros séculos da nossa era e diversificado em numerosas seitas, visava a conciliar todas as religiões e a explicar-lhes o sentido mais profundo por meio da gnose. São dogmas do gnosticismo: a emanação, a queda, a redenção e a mediação, exercida por inúmeras potências celestes, entre a divindade e os homens. Relaciona-se o gnosticismo com a cabala, o neoplatonismo e as Doutrina de Ário, famoso heresiarca de Alexandria (280-336), segundo a qual era Cristo uma criatura de natureza intermediária entre a divindade e a humanidade.
CONCLUSÃO

O mundo tornou-se o grande celeiro das chamadas religões práticas, quando o ser humano buscou na divindade uma opção de vida, passando a ignorar o Propósito de Deus para a salvação do homem, perdido porque pecador.
Por ocasião do IV Séc. surge no Oriente Médio o Islamismo, como resposta à ansiedade do homem pela busca de uma religão prática. O propósito de Deus para Abraão foi confundido de tal forma que os profetas Moisés e Elias foram considerados verdadeiros, porém, como mensageiros de uma confusa realidade: O plano de Deus para Israel falhou e deu lugar a um outro plano, no qual Deus escolhe Ismael, rejeitando Isaque, do qual Mohammed torna-se o 'verdadeiro' profeta de Alá (Deus, no Islã).
Por outro lado, em meados do XIX Séc. surge o Espiritismo Kardecista, uma outra prática humana, com citações bíblicas, sem qualquer exegese com base nos escritos originais, truncando textos bíblicos e negando o Propósito de Deus em Cristo. Para seus organizadores, Jesus é um misto de verdade e mentira, pois, seus apelos para que o homem venha até Ele para ser salvo, caso contrário torna-se perdido para sempre, é ignorado de modo eclético, já que não satisfaz as idéias lançados pelo fundador do Kardecismo.
E assim segue o mundo, chamando Deus e Seu Filho de mentirosos, pois negam a autenticidade de suas mensagens proféticas e reveladoras em Cristo e se enveredam pela prática da caridade, julgando ser isso de valor central para a salvação que, por sinal, nem acreditam, já que a purificação do espírito do ser humano, segundo seus ensinamentos, se dá por sucessivas reencarnações até a sua gnose, ou seja, sua purificação total. esquecem-se eles que só no sangue de Jesus o homem, que é por natureza pecador, pode ser purificado e perdoado de seus pecados.
A triste realidade é que, na eternidade, vão lamentar a má escolha e o desprezo por não examinarem as Escrituras - A Bíblia Sagrada.
Basta ler em Mateus 22 verso 29: "Jesus, porém, lhes respondeu: Errais, não compreendendo as Escrituras nem o poder de Deus"; e também em João 5 verso 39: "Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna; e são elas que dão testemunho de mim".