A semana chamada ‘santa’ também reúne um outro evento que, embora para os judeus seja um fato peculiar ao seu povo, nada tendo a ver com a morte e ressurreição de Jesus Cristo, para os cristãos representa a última Ceia, a traição de Judas Iscariotes, a morte de Jesus na cruz do Calvário e a vitoriosa ressurreição do Príncipe da Vida das garras da Morte.
O termo grego empregado por Lucas no livro de Atos (12.4) é ‘Pasqa’ que é a versão grega do vocábulo hebraico ‘Pessach’ que significa ‘passagem’, muito embora o significante semítico da raiz deste termo aponte para ‘pular por [cima de]’, implicando em ‘poupar’. O próprio adjetivo e substantivo ‘hebreu’ tem em sua raiz – ‘abhar’ – o significado de ‘passagem’, indicando que Abraão, ao sair de sua pátria para a Terra Prometida, seria um ‘passante’ pelos locais por onde viria a peregrinar. Se Moisés quisesse indicar o sentido de ‘passagem’, teria empregado este último termo. Na primeira Páscoa o objetivo era ‘pular e passar adiante’ quando a casa estivesse marcada com o sangue do cordeiro. O termo grego pasqa significa ‘sofrimento’.
Nós, cristãos, comemoramos não só a morte do Cordeiro, mas também sua ressurreição que, juntos, perfazem o grande livramento dos que têm em si a marca do ‘sangue do Cordeiro’ que faz com que, na grande Ceifa, o anjo do Senhor nos poupe da Morte Eterna e nos introduza na Terra Prometida, ou seja, no Reino de Deus e do Seu Filho.
A cada ano, nessa época, multidões saem à rua em busca de presentes para ofertar aos seus filhos, pais, parentes e amigos. Todavia, é também nesses momentos que muitos têm a oportunidade de refletir sobre a ressurreição do Senhor e Salvador Jesus Cristo.
Nós, cristãos, comprometidos com o ‘Ide e Pregai’ podemos tirar algumas vantagens destas circunstâncias de momento. Podemos explicar aos nossos amigos e parentes o verdadeiro sentido da Páscoa para nós e para o mundo, mostrando-lhes o ápice deste evento histórico que é a ressurreição de Cristo, sem a qual, nossa fé seria vã (I Cor. 15.14), uma vez que ela é o fundamento do verdadeiro Cristianismo.
É óbvio que era mister que Jesus viesse ao mundo, sofresse e morresse numa rude cruz; mas, sem a ressurreição de Cristo, nada mais faria sentido para nós. De igual modo, se o Anjo da Morte tivesse poupado (perpassado) os primogênitos de Israel e estes não tivessem deixado o Egito rumo à sua Pátria pré-estabelecida, tal providência teria sido em vão. Destarte, qual o verdadeiro sentido da Páscoa?
Considerando-se que o ápice da Páscoa é a ressurreição de Cristo, e levando-se em conta que a ressurreição tornou-se a “declaração de Jesus Cristo como Filho de Deus em poder” (Ro. 1.4), temos um Senhor que tudo pode em prol dos que O recebem como Senhor e Salvador, crendo em seu Nome (João 1.12-13).
Na primeira Páscoa, ainda no Egito, verificou-se a morte dos primogênitos egípcios em contraste com a poupança dos primogênitos de Israel. Alguém precisava morrer para que outros pudessem viver. Estranho e até certo ponto cabalístico.
Na primeira Páscoa cristã, em Jerusalém, apenas um morreu por todos, de modo cabal, perfeito e eterno. No Egito, muitos primogênitos morreram para que outros primogênitos vivessem. Em Jerusalém, um só precisou morrer para que muitos pudessem viver a vida eterna, uma vez que seus pecados foram perdoados em Cristo (I Cor 15.17).
A Páscoa também nos lembra que Jesus está vivo e que Ele é o regente do Reino de Deus. Buda morreu, foi sepultado, mas nunca ressuscitou dos mortos; Maomé, fundador do Islamismo, também morreu e foi sepultado, mas nunca ressuscitou. O nosso Senhor Jesus Cristo ressuscitou ao terceiro dia, foi visto pelos discípulos durante quarenta dias antes de ser elevado ao Céu, sob os olhares de várias testemunhas. Ao aparecer a João, em visão na Ilha de Patmos, Jesus declarou: “Eu sou o Primeiro e o Último; o que vive e havia sido morto; e eis que eu vivo para sempre e tenho as chaves do da Morte e do Inferno” (Ap. 1.17-18).
A páscoa ainda nos lembra que a morte não é o fim da existência humana. Paulo enfatiza que, “assim como a morte veio por um homem (Adão), assim também a ressurreição veio por um homem (Jesus Cristo); Assim como em Adão todos morrem, assim em Cristo todos viverão” (I Cor. 15.21-22).
A páscoa, portanto, para nós, cristãos, é a garantia de seremos poupados da Morte Eterna, já que Cristo é a nossa Páscoa e ressuscitou para garantir a nossa vida eterna.
Preguemos esta verdade. Falemos do Cristo ressurreto. Aquele que virá para buscar os seus e nos introduzir no Reino Celestial, para nós “preparado desde a fundação do mundo” (Mat. 25.34).